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Vilarejo de Araruna

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Sex Nov 05, 2021 12:53 am

Vilarejo de Araruna Mmo1fkn

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Trata-se de um pequeno vilarejo, o mais afastado do reino um local que deveria ser vigiado, mas essa "vigia" lhe é negligenciada uma vez que nenhum cavaleiro sagrado interfere nas leis desse lugar, a única regra é que não existem regras, um local de mercado negro constante e mortes sem pudor.
Se existe um local onde nem mesmo os mortos gostariam de conhecer, Araruna é esse local.

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Skanfy
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Seg Nov 08, 2021 4:51 pm
Vilarejo de Araruna Skanfy16

Skanfy observou por um breve momento o ladrão se contorcendo de dor no chão e sendo arrastado. Por um pequeno instante ela quase sentiu pena dele por ter tentado chamar seus companheiros, porém os mesmos já estavam correndo para fora do alcance de Asura. A garota então foi tirada de seus pensamentos pela voz de algum de seus amigos, ela não entendeu direito o que ou quem disse, mas a menção de Takashi feita por Nier a fez entender a situação: eles haviam encontrado mais um companheiro!

Skanfy pediu para os companheiros irem falar com Takashi enquanto ela ficava esperando junto de Camille, a garota achou que seria o mais seguro levando em consideração que eles estavam em Araruna – e como Takashi era. Nier olhou preocupado para Camille, mas Asura o arrastou na direção do grito aterrorizado. Skanfy sorriu e então olhou para Camille e percebeu que ela estava tremendo enquanto olhava ao seu redor.

- Você está bem? – Perguntou a fada.

Vilarejo de Araruna 14374510

- Sim, eu apenas não ouvi boas histórias sobre esse lugar! – Skanfy enganchou seu braço no de Camille e disse:

- Pronto, agora nós parecemos garotinhas de 12 anos, mas pelo menos podemos nos proteger! – Skanfy sorriu para Camille que retribuiu o sorriso e continuou a olhar ao redor. – Só espero que eles não demorem muito, não quero me envolver em uma discussão por aqui, isso chamaria muita atenção.

Vilarejo de Araruna Inada10

No mesmo momento em que Camille abriu a boca para falar alguma coisa, Skanfy se soltou dela e segurou algo que ia acertar as garotas. Olhando mais atentamente, Skanfy percebeu que se tratava de uma flecha. Não era uma flecha de qualidade, era meio velha na verdade, a garota desconfiou que uma flecha daquelas poderia até causar tétano. 

A atualmente morena olhou para a direção onde Camille deveria estar, mas percebeu que ela não estava mais lá, olhando ao redor ela viu um homem adulto, alto e com a aparência clichê de um ladrão carregando uma garota cujo o capuz deixava escapar alguns fios intensamente vermelhos de cabelo, ela começou a correr na direção deles usando os primeiros passos para se adaptar ao novo peso, algo que não demorou muito já que ela já havia se acostumado com suas trocas repentinas de massa muscular. 

Quando estava prestes a pegar seu arco, ela parou de correr, não porque não poderia facilmente acertar o homem enquanto ele corria com Camille no colo, mas porque isso seria menos divertido do que iria realmente acontecer, pois o sequestrador da princesa havia ido diretamente para onde estavam o quarto pecado capital: Takashi, o Pecado da Ganância.
 
Vilarejo de Araruna Skanfy16
Takashi
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Seg Nov 08, 2021 4:51 pm
Vilarejo de Araruna Takash10

O cheiro de sangue e morte, que era exalado pelas ruas de Araruna, penetrava o nariz de um homem de cabelos negros e lhe proporcionava imensa nostalgia. O homem com os enormes músculos que  escondia debaixo de uma roupa folgada não possuía o olho direito, que era substituído por um de vidro, proveniente de uma história que se orgulhava, por ser do único homem que de fato havia conseguido feri-lo. Seus cabelos negros eram semi longos e se moviam muito pouco com a brisa que balançava suas roupas largas. Andava com uma expressão carrancuda, afastando qualquer um que tentasse se aproximar muito dele. 

Vilarejo de Araruna Nlyoqy10

Já estava na cidade a quase 10 anos, mas a nostalgia já era de antes. Não havia ninguém caminhando além dele. O clima fúnebre pairava sobre o lugar, e não havia qualquer som, exceto o dos passos pesados dele. A sensação de solidão não parecia incomodá-lo, pois este apreciava estar só. Era um grande mercenário e ladrão antes de se envolver em assuntos do reino.

Porém, sabia que a cidade não estava vazia. Araruna era a capital do desespero, onde nem a morte gostaria de viver. Recheada de ladrões, assassinos e outros criminosos piores que estes. Isso parecia não o incomodar, pelo contrário, parecia até agradá-lo. Para alguém que cresceu no campo de batalha, Araruna soava como um segundo lar.

Entrou em um estabelecimento de fachada tão podre quanto o clima. O interior não ficava pra trás. Haviam algumas pessoas, ou pelo menos o que julgava ser pessoas. Todas caladas. O único som que percorria o ar era o da batida dos copos na mesa e de cartas sendo embaralhadas. Havia também cheiro de decomposição no ar. Sabia que se procurasse um pouco, encontraria um corpo. Mas ele não queria isso neste momento, apenas queria uma doce caneca de cerveja. Sentou-se próximo ao balcão e falou, com voz rouca, como a de alguém que não falava há um tempo.

- Eu quero uma caneca de cerveja.

O dono do bar pegou uma das canecas, que não parecia estar limpa o bastante e encheu com um líquido amarelado e espumante, que esperava que fosse cerveja. O homem deu uma pequena golada e não pode conter a cara de descontentamento, não era nem um pouco parecida com a cerveja que tomava acompanhado do seu antigo grupo, e pensou que comparado ao que bebia, aquilo não fosse nem um destilado nem fermentado, muito menos algo que continha álcool. Afastou a decepção e tornou a beber.

Vilarejo de Araruna 880faa10

Não demorou muito e já havia terminado. Ele coloca a mão em um de seus bolsos e solta um saco cheio de moedas em cima da mesa. O som do impacto das moedas umas com as outras restaura o total silêncio no local. Ele não olhou, mas podia sentir os olhos de todos os presentes fitando sua nuca. O enorme homem tira uma moeda e deixa em cima da mesa, coloca seu saco de moedas de volta no bolso e sai do lugar, em passos largos e calmos.

Finge não notar o fato de estar sendo seguido por outros três indivíduos, provavelmente ladrões atrás do seu saco de moedas. Ao entrar em um beco próximo, completamente sem saída, ele caminha mais alguns passos até que para de frente para uma parede. Agora ele podia sentir os 3 atrás dele. Ele se vira lentamente para encará-los.

- Você não passa daqui. – Fala um deles, com uma voz esganiçada e enjoada, como se debochasse do homem truculento a sua frente.

- É muito tolo de sua parte entrar em um beco de Araruna sem estar devidamente prevenido. – Segue um com uma voz grave, como se até sentisse pena pelo que iria fazer em seguida.

- Ei, você. – Completa o que ainda não havia se pronunciado, com uma voz normal. – O que acha de nos dar esse saco de moedas que tem aí? Se o fizer, não o machucaremos tanto. O homem se vira para os bandidos e os encara, entretanto, a sua face continua inalterada.

- Eu discordo disso, deveríamos destrinchar o corpo dele e levar tudo que tem, seria mais divertido! – Responde o primeiro a ameaçar, com uma voz que incomodava os ouvidos sensíveis do ex-mercenário e ladrão. O som da risada aguda dos criminosos corta o ar.

- Me destrinchar? – Começa a falar. –  Não sei que merda vocês têm usado, mas vai custar a vida de vocês.

- O que este cara está falando? – Pergunta o de voz grave para seus companheiros.

-- Não sei, mas não temos com que nos preocupar. Vamos abri-lo no meio! – Grita o homem que possuía a voz aguda e irritante.

Ele corre em sua direção com uma adaga afiada, do tipo que serve para penetrar e causar um enorme dano. Ele para na frente de sua vítima e, quase como se teleportasse, vai para suas costas com uma alta velocidade.

- É o seu fim– 

Antes que pudesse desferir um golpe, o homem gira sua espada e o atinge, dividindo-o em dois. Seu corpo dividido em dois cai no chão e arranca um suspiro dos outros criminosos.

- M-Mas que merda é essa? – Pergunta o com a voz grave.

Os dois fitavam a espada.

- Aquilo… é uma espada ornada demais para ser de um bandido... – Responde o outro.

A espada era bela, com ornamentos que brilhavam em prata cintilante quando a luz refletia em sua lâmina. A guarda dourada, bem como o cabo, possuía runas que brilhavam com magia que era transferida do usuário para a arma. Sim, magia. Aquela espada com certeza era algo especial.

- Qual é? – As palavras proferidas parecem libertar os dois do transe. – Vocês não disseram que iam me destrinchar? – Ele diz sorrindo, enquanto caminha lentamente.

Uma forte brisa passa pelo local, fazendo com que as roupas extremamente largas do homem balancem com o vento. A brisa também ergue, mesmo que pouco, a manga dele, mas o bastante para que os dois bandidos vejam a sua tatuagem.

- E-Essa tatuagem...? – O bandido viu uma marca na parte superior do seu pulso direito. Três moedas que representavam os desejos avarentos e a cobiça dos homens. A marca de um Pecado.

- Ora, ora, vejo que me reconheceu. – Caminha lentamente na direção deles. – Que azar o de vocês, cruzarem o caminho logo comigo.

- Maldição, você!? – Exclama aterrorizado um dos homens.

- Sim. – Sorri cheio de maldade. – Venham os dois. – Ele diz empunhando sua espada na direção deles. Eles se colocam em posição de defesa, como se estivessem pedindo desculpas.

- Está na hora de pagar pelo seu pecado… – Começa a falar enquanto se aproxima dos homens aterrorizados. – O pecado de me subestimar... Eu, o Pecado da Ganância, Takashi!

Não demora muito até que os dois restantes estejam no chão, em pedaços, apenas contribuindo com a paisagem imunda do local.

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- Eh? É só o que tem a me oferecer? Francamente…

Takashi checa os corpos no chão em busca de algo valioso, até que algo desvia sua atenção. Ouve o grito agoniado de uma garota, e antes que pudesse reagir, sente uma presença da qual jamais se esqueceria.

Correu até a saída do beco, quando dá de frente com um homem carregando uma jovem moça de cabelos avermelhados em suas costas. Takashi move sua espada com agressividade, mas ao mesmo tempo com suavidade, quase que compondo uma melodia com o som das tripas batendo no chão, acertando apenas o corpo do sequestrador.

Takashi se abaixa para checar a integridade física da jovem. Ela estava bem. Ao olhar mais cuidadosamente, reparou em seu dedo um detalhe peculiar.

Era um anel, que remetia profundas lembranças em Takashi, fazendo com que o mesmo tocasse em seu olho de vidro, onde antes existia um olho de carne.

- Esse anel...

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- Socorro! – Grita desesperada a jovem. A garota tenta correr de Takashi, mas este a segura.

- Espera! É perigoso pra uma garota como você andar nessa cidade por aí. Ele puxa a garota pelo braço, mas sem medir a força, que acaba marcando o pulso dela.

- Ai! Você está me machucando! – Ela grita com o homem.

- Sinto muito. – Disse sem sentir nada com o rosto impassível.

Eles caminham um pouco para se afastar da cena, Takashi deduziu que aquela imagem não era muito agradável para uma moça. Sentaram-se em um beco próximo dali que aparentemente estava vazio. O silêncio pairou pelo ar, e a dúvida consumia Takashi. Ele não se conteve e questionou:

- Como conseguiu o anel? – A encara com uma expressão amedrontadora, fazendo-a quase chorar apenas com o olhar.

- A-Anel? Ah, este... Eu ganhei de uma pessoa especial, Sir Nier, ele– Takashi arregala os olhos, interrompendo a menina.

- N-Nier? – Pergunta espantado.

- V-Você conhece o Sir Nier? – A garota diz, um tanto assustada com aquilo. – Takashi começa a rir, em tom crescente, de uma risada calma até uma risada alta e maquiavélica.

- Parece que esse vai ser um bom dia...

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Camille Lioness
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Seg Nov 08, 2021 4:51 pm
Vilarejo de Araruna Camill11

Takashi acabou por assustar um pouco a mulher que se encontrava ao seu lado, devido ao seu jeito grosso e assustador.

- V-Você conhece o Sir N-Nier? - Ela perguntou novamente já que na primeira vez ele não respondeu, e Takashi a olha com seu solitário olho esquerdo, acompanhado do direito de vidro.

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- Sim, eu o conheço... Inclusive, ele talvez seja um dos meus únicos amigos... –  Ele responde com uma certa felicidade no tom de sua voz – Bom, qual o seu nome? – Ele perguntou e a menina olhou bruscamente para a entrada do beco.

- Camille! – Isso fez com que Takashi também olhasse, ele nunca o esqueceu, como seu Capitão, Takashi se levanta junto de Camille.

- Sir Nier! Sir Asura! – Grita Camille aliviada, corre em direção a Nier e o abraça com alívio já que o mesmo não estava tão longe de onde ela e Takashi estavam sentados, logo os dois pecados olham para o homem e ficam perplexos com o rosto familiar à frente, que deu passos lentos e calmos até eles, mas logo parou.

- A quanto tempo, Takashi! – Diz Nier, deixando Camille surpresa, fazendo com que ela olhe para ele que sorria enquanto estavam abraçados, e logo após olha Asura que também tinha um sorriso nos lábios.

- Digo o mesmo, Capita! – Takashi também exclama e Camille percebe que o homem que a ajudou era nada mais nada menos que o homem que foram procurar.

- Que bom que te encontramos Takashi, faz um bom tempo que não nos falamos! – Exclama Asura, que arranca algo que talvez fosse um sorriso verdadeiro de Takashi.

- Digo o mesmo, Asura! – Exclama Takashi que vai em direção de Asura e eles se cumprimentam com um toque dos pulsos, Camille sai envergonhada dos braços de Nier (afinal gostava de seus abraços), e Takashi vai até seu capitão, que cumprimenta com um soquinho, e logo atrás uma voz feminina grita.

- Camille, Nier, Asura! – Diz a menina que corre até os três, e olha surpresa para o homem.  – É você, Takashi? – Pergunta incrédula. Sua aparência estava quase igual a quando se separaram. – Se bem que você nunca mudava...

- Sim, e quem é você? – Pergunta, com um pequeno ar ameaçador.

- C'est moi, Skanfy! – Ela diz alegre, e Takashi olha para Nier que concorda com a cabeça, e olha de novo para a fada que se destransformou.

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- Asura, vou te fazer a mesma pergunta, por que tinha que ser uma gordinha? Demorei para chegar, por conta desse sobrepeso! – Diz com a respiração ofegante e com o capuz escondendo um pouco de seus olhos.

- Vou responder a mesma coisa que antes, devemos evitar chamar a atenção! – Diz Asura da mesma forma que antes, fazendo Skanfy revirar os olhos e dar um soquinho em seu peito. Camille chega perto de Takashi, se curva um pouco e ele a olha com uma certa dúvida no olhar.

- Prazer, me chamo Camille Lioness, e sou a princesa do reino. – Ela diz e Takashi também se curva.

- O Prazer é todo meu, princesa Camille. - Takashi diz e logo se levanta, e Camille continua.

- Não é necessária tanta formalidade, Sir Takashi... Bem.... Eu gostaria que você se juntasse a mim e aos outros em busca da Saligia. Se importaria em se juntar a nós? – Diz Camille determinada, olhando com firmeza o homem alto à sua frente. Então, Takashi a olha com um sorriso de canto de boca.

- Bom... Eu de fato estou me divertindo aqui em Araruna... – Ele fala com um tom negativo à pergunta da princesa, a desolando. Um deles havia recusado se juntar a ela. Com certeza não estava pronta para uma negativa, principalmente se precisavam salvar Gwyndolin. – Porém, estou mais interessado em voltar a conviver com o capita e os outros. Então, me juntarei a vocês nessa jornada – Diz Takashi, e Camille sorri sinceramente feliz por ter achado mais um dos sete membros da Saligia.

- Acho que podemos retornar ao Delito... Esse lugar não é legal, Sir Nier... – Camille fala um pouco com medo, e os outros concordam.

- Delito? – Pergunta Takashi sem entender.

- Meu bar. Estava precisando de um segurança mesmo... – Fala Nier com um riso e um olhar de quem conseguiu uma boa peça pro seu bar.

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Takashi leva sua mão aos olhos e os esfrega.

Virei um simples segurança de bar agora... eu mereço...

Quando eles começaram a sair em direção ao bar, Takashi os para.

- Bem... eu não posso ir desse jeito. – Ele se lembrou que estava com apenas uma roupa normal mais larga. – Eu preciso pegar minha armadura. 

- E onde ela está? – Pergunta Asura.

- Eu a troquei por essa bolsa de moedas. – Ele dá um tapinha da bolsa que carregava. – Mas agora eu preciso dela de novo. Vocês querem deixar um pobre homem em farrapos fazer todo esse trabalho pesado? – Pergunta em um tom sarcástico para seus companheiros, que riam da situação.

- Até onde eu lembro a preguiça sou eu... – Diz Skanfy. – Mas vamos lá, é importante você ter seus pertences. Ainda está com seus Tesouros Sagrados, pelo menos?

- Claro, que tipo de idiota perderia ou venderia algo desse tipo? – Pergunta com um tom sério, por estarem duvidando de sua inteligência ou esperteza.

Eles andam entre as ruas sujas e fedidas de Araruna, mas dessa vez sem ninguém os incomodando. Takashi os guiava e os desviava de ruas mais perigosas, e sua presença afugentava os bandidos. Era uma boa pessoa para se ter por ali.

Após algum tempo caminhando, chegam ao seu destino: uma casa de penhores caindo aos pedaços, fazendo Nier olhar boquiaberto para o Pecado da Ganância.

- O que foi? Eu pretendia pegar de volta cedo ou tarde...

Eles então entram na loja, e veem diversas coisas velhas amontoadas em prateleiras mal iluminadas pelo estado deplorável do lugar. A imundice fez Camille puxar a gola de sua camisa para tapar a boca e o nariz para não respirar aquele pó todo. Mas uma coisa se destacava no meio daquele lugar que lembrava até mesmo um chiqueiro: uma armadura de aço reluzente e umas bolsas de couro junto a ela.

Um sujeito muito mal encarado sai detrás do balcão, e aparentemente estava pronto para assaltá-los. 

- Olha só... o dono da armadura. Veio me extorquir por mais? Disse que tinha dado tudo o que tinha para você, grandão. – Falou com um tom malicioso.

Takashi o ignorou completamente e foi até sua armadura, e colocou o peitoral novamente. O homem estalou os dedos e diversos capangas surgiram das sombras.

- Bem, pessoal... – Falou Takashi.

Vilarejo de Araruna Yne9c610

-Eu quero saber se vocês ainda estão afiados. – Ele abre um sorriso assustador, que quase fez Camille chorar. – É hora do show, porra!

Ele puxa sua espada e parte para cima do dono da loja, que puxa um escudo. A espada de Takashi passa por dentro do escudo sem o atingir, e divide o homem em dois , e com o mesmo movimento, atravessa as defesas de outros dois homens, os cortando.

Skanfy ativa seu Arc Perfide na forma da lua crescente, que cria flechas com pontas compridas que poderiam ser usadas como adagas, e voa atacando os oponentes.

Nier manda Camille se abaixar, veste sua Gilgamesh e ataca os inimigos que se aproximam dele e da princesa.

Vilarejo de Araruna 05188f10

Asura vê todo esse caos acontecendo e quando vê que tem uma quantidade considerável de sangue, usa sua magia Blood Manipulation para controlá-lo e acabar com a batalha, e some com o sangue depois.

Takashi sorri com certa felicidade ao ver que estavam fortes como sempre. Ele acaba de vestir sua armadura e quando estão prontos para sair dali, vê Asura abraçando seus joelhos num canto da loja.

- O que foi, Asura? – Pergunta Skanfy se aproximando do vampiro, que estava com os olhos marejados, quase chorando.

- Eu joguei fora sangue! E eu estou com fome! O que eu fiz?! – Fala agarrando Skanfy pela gola e a sacudindo com toda sua força vampírica, que não entende nada do que ele estava falando, fazendo todos os outros rirem.

Então, eles saem da loja.

No caminho de volta ao bar, após algumas paradas para descansar e se esconderem do forte odor do lugar, Camille pergunta algo que estava em dúvida para Takashi:

- Sir Takashi? – O mesmo responde com um olhar para ela. – Por que sua espada atravessou o escudo daqueles homens? Eu vi que ela os cortou, porém não os escudos...

- Você viu quanto, Camille? – Pergunta Skanfy preocupada.

- Não muito, estava bem escuro... – Ela responde pondo uma mão no queixo.

- Ah, isso. – Takashi puxa espada e mostra para Camille. – Essa é a Zephyrus. Um dos meus Tesouros Sagrados. Como deve ter visto, todas as armas dos Pecados possuem habilidades especiais. A habilidade dessa belezinha aqui é passar qualquer defesa, e apenas é possível para-la defletindo. É uma faca de dois gumes, quando é defletida minha guarda fica aberta e posso ser atacado facilmente, porém não são muitos que sobrevivem o suficiente para entender isso...

- E não sei se notou – Skanfy se pronuncia. – Meu Tesouro Sagrado, o Arc Perfide, possui várias formas baseadas nas fases lunares. A Holy Dracula do Asura, sua adaga, causa cortes que não estancam nunca, apenas por intervenção cirúrgica ou mágica. E a Gilgamesh do Nier, que acumula magia e fogo e serve para os controlar.

Camille olha para Skanfy cerrando seus olhos e fazendo bico. Também fazia um movimento estranho com a ponta do nariz, que Nier considerou fofo.

Vilarejo de Araruna 0719c810

- Vai me dizer que você é uma fada e o Asura um vampiro agora? – Fala em tom de deboche, impressionando todos. – Eu não sou burra nem estúpida, Skanfy. – Ela dá um cutucão com força na barriga da fada, que retribui com outro, e começam uma pequena briga de cutucões, até pararem por não aguentarem mais rir.

- Ok, ok! Eu não te trato mais assim... – Disse a fada secando as lágrimas.

- Ah, e Sir Takashi. – Fala parando de rir, chamando a atenção dele. – Você mencionou “meus Tesouros Sagrados”. Você tem mais de um?

- Sim, eu tenho, e que bom que perguntou. – Respondeu mexendo no bolso, sorrindo.

- E lá vamos nós... – Comentou Nier, suspirando.

- Esta é a Bucaneer, uma garrucha que pode ser convertida em um escudo mágico se virar o cano para cima. Se virar para baixo, recarrega ela. – Ele puxa a arma de fogo, algo raro na Britânia e mostra para ela. A arma possuía uma empunhadura de madeira com entalhes de moedas na sua parte inferior, além de ser esculpida de maneira anatômica, com um cano prateado adornado por um desenho vermelho sangue de ramos espinhentos com algumas folhas.  – Seus disparos são mágicos, se eu girar a saída do cano para a esquerda, cancela uma magia de encolhimento imposta nas balas, que ficam grandes como bolas de canhão. Se eu girar para a direita, elas saem concentradas com minha magia. Fora isso, também tem–

- Tá bom Takashi, ela entendeu. Ela não precisa decorar todos os detalhes dessa arma. – Respondeu Skanfy, que via que Camille estava quase sobrecarregada de informação.

- Uma vez, a gente quase morreu por causa dessa arma, por terem pego ela no lugar onde estávamos. – Comentou Asura. – Ele saiu completamente do plano só pra pegar ela de volta.

- Ele ama mais que sua vida essa garrucha. – Falou Nier. – Mas ela de fato é uma peça extraordinária de magia. Mas vamos voltar, está na hora de ir pro Delito.
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Seg Nov 08, 2021 4:52 pm
Vilarejo de Araruna Mestre10

Andando mais uns metros, a fada sente algumas presenças se aproximando, e se posiciona em direção a ela.

- O que houve, Skanfy? – Pergunta Takashi, e todos sentem o que está se aproximando.

- Capitaine, Asura… Não acham essa presença parecida com aquilo? – Indaga a fada.

- Sim… lembra levemente a gárgula demoníaca de Rodório. – Responde Nier.

- Parece que eu perdi muita diversão, não é mesmo? – Fala com um tom relativamente triste o Pecado da Ganância.

- Nem imagina o quanto, Takashi. Se lembra daquela missão que tivemos que lutar contra aqueles lagartos de sangue amarelo? E no fim tinha um de sangue azul? Era mais ou menos aquilo. - Asura relembra uma das várias missões dos pecados.

Vindo pela estrada principal de Araruna, quatro cavaleiros sagrados, de armaduras brilhantes, com um emblema de uma águia segurando uma cabeça de bode pelas garras nos braços e no peito de suas armaduras

Vilarejo de Araruna Cap_2310

Junto deles, um padre pálido de olhos escuros, alto, forte, com um rosto com feições quadradas e um chapéu com abas para cobrir as orelhas, carregando uma pesada e enorme bíblia.

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- Eu conheço eles, pessoal! Eles são o grupo de Cavaleiros Sagrados Bode Voador, que servem diretamente a Vincent, um dos membros da Psychomachia! – Exclama Camille, com ela e os Pecados olhando escondidos de um beco.

- Alguma ideia do porquê de eles estarem em Araruna aqui e agora, princesa? O Reino abandonou essa cidade faz décadas. E eu sei do que estou falando. – Pergunta Takashi.

- Não faço ideia… talvez tenha algum grande criminoso aqui que fugiu da Capital recentemente, ou descobriram que estávamos viajando para cá. Seja como for, eles são perigosos e poderosos...

- Nada que não possamos derrotar. J'imagine. – Fala Skanfy com certa convicção na voz, sorrindo levemente

Nier estala o pescoço e veste seu Tesouro Sagrado. Ele toma a frente da equipe e fala, em alto e bom tom:

- Pessoal, formação de batalha cinco! – E eles se espalham.

Vilarejo de Araruna Mestre10

- He! Essa cidade só tem a escória da escória! – Fala o cavaleiro com armadura roxa esguia, Nisk.

- Não sei por que essa vila não foi queimada com o passar dos anos, ela está muito na fronteira e só nos traz problemas. – Realça Dost, um cavaleiro de armadura verde-musgo, com cerca de 2,6 metros de altura e forte como uma montanha. – Aliás, essa carroça tem o que, hein?

-A vontade de Deus é que essas pessoas vivam em regiões desoladas para expiar seus pecados de vidas passadas, e que um dia possam ascender ao paraíso ao lado de Seu trono. – Fala o grande padre Zugmon, que seguia a frente e no centro da formação de cavaleiros. – E respondendo sua pergunta, Dost, um sino para chamarmos todos para onde estamos indo.

- O que essas mulheres fizeram na vida passada para serem putas de uma espelunca como essa, hein? – Pondera Fonpu, uma cavaleira baixa e atarracada, de armadura azul-marinho

- Com certeza algo terrível, não quero nem imaginar, só de pensar nisso dá arrepios! – Responde Telia, uma cavaleira de estatura mediana com armadura cinza escuro.

Com tal conversa, os residentes de Araruna olhavam por entre as janelas para aqueles cavaleiros com certa esperança nos olhos, de que eles fossem finalmente começar a instaurar a ordem nessa vila há muito esquecida por todos das vilas mais próximas à capital.

Então, os cavaleiros chegam no centro da cidade. Dost e Zugmon retiram com cautela o grande sino dourado e o fixam no chão com uma magia de terra do cavaleiro verde-musgo. Quando preso no chão, Zugmon badala o sino com toda sua força sobre humana e grita para todos na cidade se aproximarem. Quando os populares começam a se aglomerar na frente do sino e dos cavaleiros, o padre sobe em uma caixa e se põe a discursar:

-Caros cidadãos de Araruna, ouçam todos! Nós, da ordem da Igreja da Salvação, nos aliamos com o Reino de Lioness para começar a trazer paz para todas as vilas fronteiriças do reino. Na nossa primeira expedição eu, Zugmon, me aliei à ordem de Cavaleiros Sagrados Bode Voador, e começaremos hoje a purificação dessa cidade.

Com o fim das palavras do padre, urros de alegria e felicidade são ouvidos dos moradores da cidade, que finalmente poderiam dormir sem medo de serem roubados ou mortos durante seu sono.

-Então, para agilizar o processo, erradicaremos todos os malfeitores da cidade. Você! – O padre aponta para um homem em farrapos no meio da multidão, um clássico batedor de carteiras. – Um ladrão! Você deve morrer! God’s Feather! – O padre dispara uma pena de metal que atravessa do ladrão, que cai morto no chão.

Ao contrário do que normalmente se esperaria de uma cidade civilizada, Araruna ovaciona as atitudes do padre, que acabara de matar uma pessoa na multidão.

- Cacete, esse povo é maluco… lembram você, Takashi. – Fala com um sorriso debochado Asura.

- Não enche, vampirinho. Sorte sua que está anoitecendo, mas parece que o espetáculo, vai ser noturno. Veja!

O pecado da ganância aponta a instalação de tochas pela cidade pela magia dos cavaleiros, com o de verde-musgo criando as estruturas, e a de armadura cinza escuro incendiando os topos.

- Seria muito indecente eu sugar o sangue daquele cadáver? Digo, fazer o sangue vir para cá, escorrendo…

- Me diga como você não quer ser pego fazendo isso. Se não mostrar como, nem pense.

- Droga… eu tô com fome, faz tempo que não bebo sangue humano, sangue de gárgula tem gosto de cerveja choca e quente… – Um ronco sai da barriga vazia de Asura. – E vamos entrar em batalha, não posso entrar despreparado… será que você, como um grande amigo…

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Takashi coloca calmamente a mão no bolso, puxa sua garrucha e encosta o furo do cano na testa de Asura.

- Nem tente. 

- Eu já entendi! Cruzes…

Asura abaixa a arma de Takashi e volta a olhar das janelas do terceiro andar do prédio em que eles se encontravam. Alguns metros mais afastados do local, Skanfy se encontrava flutuando deitada de bruços em cima de uma laje, com Camille sentada do lado abraçando os joelhos.

- O que o Capitaine está pensando, hein? Poderíamos fugir agora… – Fala a fada quase morrendo de preguiça, se espreguiçando ao pôr do sol. Se preguiça de fato matasse, ela estaria morta agora, como...

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- Espero que os civis não se machuquem… – Camille interrompe os pensamentos ruins de Skanfy, com uma frase muito bonita.

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- À quel point es-tu gentil, Camille. Sempre pensando na vida das outras pessoas…

- O que eu posso fazer? São cidadãos do meu reino, eu devo protegê-los! Até mesmo de monstros que deveriam protegê-los… – Fala em tom choroso.

Skanfy olha para a amiga e sorri suavemente

- Isso é uma das coisas que eu gosto de você, Camille. Sempre pensa em como ajudar o reino. – A princesa fica um pouco envergonhada pelo elogio e sorri para a fada melancolicamente.

- Infelizmente, só vocês fazem o trabalho pesado, eu só vou atrás de vocês e sou resgatada… Eu odeio ser fraca… – Fala enfiando o rosto nos joelhos.

- Todos somos especialistas em algo. Talvez você ainda não saiba no que é boa em combate. Gostaria de aprender a usar um arco? Posso te dar umas lições quando voltarmos ao bar. É claro, se eu não estiver dormindo.

- Sério? – Fala a princesa animada, com seus olhos brilhando. – Eu amaria!

- Ah, e Camille… Desculpa por não conseguir te proteger mais cedo. Se algo acontecesse com você, eu– 

Skanfy é interrompida por Camille tapando sua boca.

- Não precisa disso. Agora que você vai me ensinar como usar um arco, poderei me defender dessas coisas. Não é? – Ela expressa um sorriso caloroso e contagiante para Skanfy.

-Oui, é sim!

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Nier observava friamente seus oponentes. Pensou em abortar a missão e fugir, já que a formação cinco de ataque era planejada justamente para poder fugir caso decidissem que não valia a pena o esforço. Mas a sua intuição dizia para não fugir, que algo daria errado ali, e que a Saligia se faria necessária. E se tinha algo que ele tinha certeza que poderia confiar, era sua intuição.

Quando toda a cidade estava na frente dos cavaleiros, Zugmon tomou a frente e se pronunciou:

-Como manda a palavra de Deus, todos os pecadores devem ser eliminados. Rastreamos todos os que iam contra os dez mandamentos sagrados, e executaremos todos os que roubaram primeiro.

Com seus poderes, Fonpu fez com que todos aqueles julgados pelo padre como ladrões fossem levados para a frente. Porém, não eram apenas os temidos bandidos. Muitos residentes normais, que no máximo roubaram um pão para poderem sobreviver mais um dia em uma terra dura, foram forçados a se mover.

A multidão antes polvorosa, agora estava estarrecida ao ver que a justiça de Zugmon era torta e impiedosa. Até mesmo uma criança de uns 8 anos de idade foi arrastada, com sua irmãzinha pequena segurando sua mão.

-Ei, isso é mentira né? A gente estava com fome, padre! Nossos pais não comem há dias, e precisávamos comer algo! – Gritava a criança, com sua irmãzinha chorando e gritando que não queria morrer.

Um homem de mais de sessenta anos também foi arrastado. Talvez seus crimes foram em seus dias de juventude ou apenas dívidas, mas agora até brutamontes que de fato aceitavam sua pena de morte se metiam em sua frente, para que ele pudesse ser ignorado.

Um burburinho começou a se ouvir na região, com as pessoas irritadas com a situação que lhes foi apresentada. Uma criança faminta sendo condenada junto de ladrões que cometeram diversos latrocínios, ou até mesmo roubaram de famílias como as do garoto? Isso era sem sentido. Era apenas exterminar a classe mais sensível e invisível da sociedade, como se fossem apenas uma praga que estragava sua lavoura.

-Silêncio! – Grita o padre, incomodado com a situação. Queria simplesmente aplicar sua justiça absoluta, porém seria hipocrisia não perdoar aqueles que não fizeram nada demais. – Como posso ver, diversas pessoas que vieram a frente não me parecem tão más assim, inclusive uma criança veio junto. Primeiro, vamos interrogar todos.

Zugmon se aproxima de um homem aparentemente normal, e começa a interrogá-lo, até que palavras atravessadas do homem sobre roubar para poder ter uma vida melhor e poder comprar algumas coisas não essenciais para sobreviver irritaram o enorme apóstolo de Deus, que esmagou sua cabeça com sua pesada bíblia, fazendo seus olhos saltarem para fora das órbitas e o cérebro se espalhar pelo chão em uma poça de sangue.

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- Ei, ei, Takashi! Você viveu cerca de uma década aqui, certo? Esse homem era mau?

- A escória com certeza está lá na frente, mas aquele homem, por mais que fosse um bêbado que gostasse de jogar e apostar, não era mal para… – Ele olha para o corpo inerte com uma fenda no topo da cabeça. – ... Isso. Me pergunto se ele terá misericórdia daquele velho ou até mesmo do menino…

A plateia da barbárie estava catatônica. Zugmon era um tirano, e ninguém conseguia se opor, nem os criminosos mais mortais que estavam à sua frente, que um a um eram mortos por golpes dos Cavaleiros Sagrados ou do inquisidor. Sim, inquisidor. Agora, eles descobriram que ele não era um padre da Igreja da Salvação, mas sim um dos seus vários inquisidores, que espalhavam a palavra pelo terror e pelo medo, fazendo as pessoas aderirem à sua igreja na base da ameaça. Alguns dos criminosos que fugiram ao vê-los entrando na cidade haviam alertado que a Igreja da Salvação nada mais era que um tentáculo da verdadeira ameaça de Lioness, mas eram confrontados pelos outros dizendo que a Saligia estava desfeita a anos. Porém, como estavam vendo, talvez os Pecados não fossem tão ruins quanto as Virtudes.

Ao ver as atrocidades, Nier faz fagulhas aparecerem para Takashi, Asura e Skanfy, para se colocarem em posição de combate. Ao menor sinal, seria hora do ataque. Quando o padre estava para acertar a criança, uma fagulha vermelha alaranjada enche os olhos azuis de Skanfy. Ao usar o Arc Perfide na forma da Lua Cheia, as flechas sempre acertam seu alvo. Ela dispara sua flecha, que graças a sua força descomunal, acelera a uma velocidade quase de teletransporte, acertando a bíblia de Zugmon em pleno movimento descendente, fazendo-a voar de sua mão.

-Minha bíblia! Minha bíblia! – Ele sai correndo atrás dela, que sai voando das redondezas.

Quando todos estavam distraídos observando a bíblia de Zugmon voar e o seu dono sair em disparada atrás dela, Nier dispara em direção do padre colossal para lhe atacar com uma joelhada de sua perna esquerda, mas Dost segura o joelho do pecado, que se desprende rapidamente e acerta um soco de direita para baixo, no lado da cabeça do pequeno gigante, arremessando-o para chão, acertando a cabeça na rua não pavimentada, criando uma pequena cratera com o impacto.

Takashi e Asura pulam da janela do prédio. Takashi desembainha sua espada e vai à caça de um dos Cavaleiros Sagrados, que logo sentem a intenção assassina dele se aproximar, e se postam para defender o ataque do Pecado. Nisk, o cavaleiro roxo, ergue seu escudo, mas é atravessado pelo ataque de Takashi. Com um puro instinto e reflexo, o cavaleiro se esquiva do golpe da Ganância jogando seu corpo para trás, e todos tomam distância dele.

- O que foi? Desistiram de lutar agora que viram o que é poder?– Pergunta debochando dos oponentes.

Asura estava controlando os civis para que fugissem para longe da ação, já que a situação estava começando a ficar complicada, inclusive também pelo fato de não poder lutar com a luz do sol à tona, e mesmo que ele já estivesse se extinguindo no horizonte e fosse demorar apenas menos de cinco minutos para a noite cair, Cavaleiros Sagrados de quatro estrelas para cima eram fortes demais para enfrentar assim. Ao ver que os aldeões saíram, Asura se voltou ao sangue recém derramado por Zugmon

- Bem, está meio sujo e ninguém vai precisar dele, então… hora da janta.

Asura solta um sorriso sincero e faz uma grande bolha juntando todo o sangue derramado no ar, e separa uma menor, de no máximo 60 centímetros de diâmetro. Então, ele expulsa as impurezas como pedras, areia e pó. Ao ver ela limpa, ele começa a beber a bolha em grandes goles, e sente seus poderes fluírem como não fluíam há anos. Então, ele se junta a Takashi, e Nier para do lado de ambos instantes depois.

-Vocês são diferentes de cavaleiros sagrados normais, o que são?! – Grita Nier, interrogando seus adversários.

-Nós somos os cavaleiros sagrados do poder lendário! Mestre Vincent nos deu esse poder para combater gente como vocês, a Saligia! Nós não iremos perder! – Grita exaltado o cavaleiro roxo, fazendo Takashi revirar os olhos.

Todos os cavaleiros se juntam e concentram suas magias fazendo um golpe combinado, com seus poderes criando um bode de pedra flamejante de alta velocidade, que emitia um som ensurdecedor ao ponto de Takashi se sentir zonzo, e acerta os pecados em cheio, criando uma pequena explosão.

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Por sorte, Asura cria um escudo de sangue para proteger a si e seus companheiros. Quase como se fosse obra do destino, a noite acabara de cair, e é nela que seus poderes vampíricos estão no auge, então o sangue que ele controla se torna mais resistente que o próprio aço.

Quando o bode acerta o escudo de Asura, uma cortina de fumaça e poeira se ergue. Os cavaleiros sagrados do Bode Voador haviam se dispersado.

- Asura, Takashi! Dispersar! Vamos acabar com eles! – Grita Nier em tom de ordem.

Os dois concordam e saem correndo atrás de seus oponentes. Ele faz um sinal para Skanfy, ordenando-a a caçar um dos cavaleiros.

- Tsc, que droga, Capitaine... – Fala Skanfy cansada. – Camille, volte para o bar e fique lá, por favor. – Pede a fada preguiçosa.

- Mas– 

Skanfy interrompe a colocando uma mão na boca dela, repetindo o gesto de mais cedo da amiga.

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- Apenas vá. – Fala com convicção na voz.

Camille concorda com a cabeça e vai em direção ao Delito, pensando no que fazer caso encontrasse um dos Cavaleiros. Skanfy observa ela indo até o bar, e quando sai de sua visão, some do telhado indo atrás de um do Bode Voador.

Correndo por entre as vielas de Araruna, Nier encontra Telia, uma das Cavaleiras Sagradas que vieram até a cidade. Ela estava em frente a um escombro, tentando o erguer, mas se vira quando nota a presença de Nier.

- Você é um da Saligia? – Pergunta assustada.

- E se eu for? – Nier responde com confiança na voz.

-Bem, isso não importa... Sabe, eu nunca gostei de todo esse fanatismo religioso de Zugmon, então você poderia me ajudar? Essa parede caiu em cima de uma garotinha, vamos, vamos! – Pede com preocupação pela criança.

Nier acha estranha a situação e algo o diz para não ajudar. Mas mesmo assim foi ajudá-la, porém se mantendo atento a qualquer movimento brusco.

Com a força descomunal do capitão da Saligia, o escombro é erguido facilmente, e a garotinha sai de baixo dele. Olhando para ela, ele se lembra de toda a desgraça do reino, e segura a espada de Telia, que mirava em sua cabeça.

- Patético. Não houve confusão generalizada nem explosões para haverem escombros na rua. Nem lutas por essa região. Se achava que eu seria pego por uma ilusão tão fraca, está completamente enganada.

A garotinha some no horizonte, se desfazendo em fumaça, e o Pecado da Ira aperta e quebra a espada da Cavaleira.

- Como assim?! O Senhor Zugmon falou para nós que meros pecadores não são capazes de parar o nosso poder! – Grita desesperada para Nier, se afastando dele.

- Bem, ele está completamente errado. E que poder lendário fraco, hein. – Ele começa a se aproximar de Telia que começa a fugir dele, usando sua magia de ilusão para o atacar de surpresa. - Não vai adiantar. – Ele colocou os seus braços em uma linha reta perfeita, usando suas chamas mais fracas na mão esquerda e concentrando as fortes na direita. - Blazing Blast!

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O disparo foi enorme, atingindo uma grande área de uma só vez, fazendo com que a Cavaleira Sagrada caísse desmaiada no chão. Alguns escombros apareceram, porém nada iria desmoronar.

- Bem... Hora de voltar pro Delito...

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Um pouco além de duas centenas de metros dali estava a fada preguiçosa. Skanfy nunca se sentiu muito confortável em lutar com esse tipo de gente. Não é que ela acreditasse que iria perder, mas a incomodava ter que vencê-los, ela sabia que eles eram poderosos, mas cavaleiros desse tipo sempre se achavam superiores a todos, mas ela não se sentia intimidada, ela era da Saligia por algum motivo afinal de contas.

Após os garotos partirem pra cima de seus devidos oponentes ela se aproximou da cavaleira cujo nome aparentemente era Fonpu, que estava se divertindo matando algumas prostitutas e bandidos do lugar.

Droga, parece que sempre fico com oponentes que possuem sensos de justiça meio errados... Pensou quase bocejando a fada.

Ela vai se aproximando flutuando da Cavaleira Sagrada, que nota a presença da pecadora.

- Ora essa, detesto ter que me rebaixar e lutar com vadias como você. – Pronuncia com desdém Fonpu, que arranca uma revirada de olhos de Skanfy.

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- Je diria que o sentimento est réciproque. – Completou a fada com um risinho

Após dizer isso, Skanfy arma o arco de sua mãe, no mesmo momento Fonpu pegou sua espada. 

Skanfy em geral não gosta de ter esse tipo de combate, mas esse parecia inevitável, ela então atirou com uma flecha para distrair sua adversária, e trocou o arco de sua mãe por seu Tesouro Sagrado em Lua Crescente. Uma adaga não era a melhor arma contra uma espada, mas ela fez o que pode.

A fada disparou com toda sua velocidade hipersônica para cima da Cavaleira Sagrada, que mal pôde notar seus movimentos.

- Você não é uma adversária tão ruim assim no final das contas... – Disse, após o pecado a atacar com sucesso na barriga.

- Merci, para uma Cavaleira Sagrada convicta você também não é nada mal. Normalmente eu a teria derrotado com um golpe. – Responde com ironia.

Elas continuaram lutando ferozmente por alguns momentos, até Skanfy sentir que já havia perdido muito tempo nisso e tinha que ir ajudar seus companheiros para finalmente poder ter suas dezoito horas de sono.

-É, a luta está boa, mas eu tenho que ir. – Respondeu com um bocejo, zombando de sua oponente.

- Você não acha que eu realmente te deixaria sair assim, acha? – Responde Fonpu, começando a usar magia na sua espada.

- Bom... na verdade não, mas eu não estou pedindo permissão.

Ela então armou seu Tesouro na forma Lua Minguante e atirou na oponente a deixando paralisada para poder então ajudar seus colegas.

- Hunf, à la fin... j'avais certa, não passavam de grandes coisas...

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Enquanto Skanfy derrotava Fonfu e saia voando atrás de um de seus companheiros, Asura, em sua perseguição, acaba se deparando com o alto e esguio Nisk.

Ao ver o Pecado, Nisk pega sua espada sagrada e ataca com sua magia Corte de Luz, que Asura prontamente defende usando seu escudo de sangue.

- Belo golpe, rapaz. Talvez em 50 anos de treino possa me enfrentar. – Debocha do golpe do Cavaleiro Sagrado do Bode Voador.

-Não me faça rir, pecador. Os Cavaleiros Sagrados já passaram vocês fazem eras! – Responde entrando em posição de combate.

Asura gargalha alto para a afirmação pretensiosa e arrogante do Cavaleiro Sagrado.

- Todos vocês são tão cheios de si assim? – Pergunta em tom de chacota. – Vou mostrar para você o quão errado está... – Asura dá um sorriso quase que psicótico para o Cavaleiro Sagrado, para tentar intimidá-lo.

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Nisk se enfurece por ser zoado e tenta perfurar o escudo, e quando acha que consegue, era o Asura transformando o escudo numa mola, e por conta da força que Nisk colocou em seu golpe, ele foi jogado para longe como se fosse um tiro de canhão, fazendo Asura rir dele.

Quando bate em uma parede, Nisk cai de costas no chão. Então, o vampiro então dispara para cima do oponente e fica em pé em cima de seu peito.

- Eu venci. – Afirma em um tom convicto o Pecado da Gula.

Nisk tenta agarrar a sua perna, mas espetos feitos de sangue saem dela e perfuram a sua mão.

- Eu ainda não acredito que você tentou desafiar um vampiro a noite, cara... você é burro demais, sabia? – Fala com relativa pena do seu oponente

Então, Asura acerta um soco forte na cabeça do adversário, fazendo-o desmaiar.

- No fim esse papo de poder lendário era balela... espero que todos sejam o mesmo, inclusive aquele padre... Algo não cheirava bem no sangue dele...

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Assim como seus companheiros, Takashi saiu à caça dos seus oponentes, e acabou se deparando com o enorme Dost, que conseguia a façanha de ser ainda maior do que o Pecado da Ganância.

- Você é um dos pecadores que profanam o nosso reino? – Pergunta o homem enorme.

-Sim, eu mesmo, seu brutamontes verde. Eu sou Takashi, o Pecado da Ganância. – Responde com um sorriso sádico.

- Você não é páreo para o grande Dost!– Proclama com raiva daquele homem que se portava como se fosse muito mais forte que ele.

Em um poderoso pisão no chão, Dost invoca uma torrente de pedras na direção de seu oponente, que usa a parte lateral da lâmina para quebrá-las com facilidade. Apesar de fina, a espada se transformava em algo extremamente resistente quando em contato com a magia de Takashi.

Ao quebrar as pedras, Takashi aproveita para usar uma de suas magias de ladrão favoritas, a Ash Crown. Ele invocou uma densa névoa, que conseguia inclusive esconder seu alto e forte corpo. Por ser um excelente ladrão, Takashi mesmo sendo grande e musculoso, conseguia se mover sem fazer barulho, inclusive sua armadura fora projetada para tal, cobrindo muitas partes com placas de magia invisíveis, projetadas por Krioni. O Cavaleiro Sagrado não conseguia o encontrar, por mais que se concentrasse nos sons e no cheiro.

De surpresa, seu corpo é atingido lateralmente. Por muita sorte, não foi cortado em dois, mas sua armadura se danificou extremamente no ponto em que fora acertado, fazendo-o suar frio e engolir em seco.

Como a neblina ainda não havia abaixado, muito pelo contrário, havia ficado ainda mais densa, decidiu criar uma redoma de pedra para se esconder do Pecado, antes que ele o matasse.

Porém...

Uma explosão poderosa abre a doma de pedra, e uma esfera de ferro atinge o peito de Dost. Ele cai de joelhos e quando olha para cima, vê Takashi com seu segundo Tesouro Sagrado apontado para ele. Pelo visto, o boato de Takashi possuir dois Tesouros Sagrados para compensar o fato de ser o único humano em um monte de outras raças naturalmente mais poderosas era real. O Pecado o encarava com um olhar sanguinário, pronto para matá-lo.
-Eu sinto que se eu te matar o Capita vai me encher o saco, então...

Takashi puxa sua garrucha, a recarrega rapidamente e dá um disparo na cabeça de Dost. Porém, ao invés de estar com uma bala para perfurar, estava com uma especial projetada por Krioni para missões não letais. Ainda possuía algumas, não se desfez delas por gostar da coleção de balas.

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-Fraco. Quando tiver poder lendário de verdade, aí poderemos lutar.

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Camille retornava para o Delito como sua amiga havia pedido, mas a todo momento pensava no que fazer caso encontrasse um Cavaleiro Sagrado. Ela tinha medo de encontrar um e ser morta e sua missão fracassar.

Fugindo e se escondendo por entre ruas e ruelas da cidade, e não apenas dos cavaleiros e do padre, mas sim também de ladrões e sequestradores, a princesa se depara com Zugmon correndo hipnotizado atrás de sua bíblia.

A flecha de Skanfy continuava voando com o pesado livro e por uma corrente de ar, é empurrada para a direção do beco onde Camille estava. Ao ver a curva, a mesma sentiu um frio enorme em sua espinha. Cada passo do enorme homem hipnotizado pelo livro voador parecia ressoar em sua mente, como se fosse um enorme tambor sendo batido por gigantes. Ela precisava agir, e rapidamente

Ao olhar para seu lado direito, ela viu que havia uma janela entreaberta de um edifício, e não teve tempo de pensar duas vezes: correu com toda sua velocidade, se jogou para dentro da janela e se escorou exatamente abaixo dela, tentando se espremer o máximo possível contra a parede. 

Sentiu os passos passarem por ela e se afastarem, fazendo seu palpitante coração se acalmar. Quando olhou com mais atenção para dentro do edifício, viu que algumas crianças amedrontadas estavam ali, como aqueles dois que tinham sido arrastados para a plataforma de execução.

Elas pareciam estar a alguns dias sem comer direito e estarem muito mal cuidadas, talvez fossem até órfãs. Ela se sentiu muito triste ao ver aquela situação, e ver o quanto as pessoas do seu reino estavam sofrendo, algumas mesmo antes da tomada da Psychomachia. Teria ela e o resto da realeza negligenciado tanto assim o seu povo? Desde quando essa miséria existia ali? Afinal, Gallien não era um homem justo? Ou seria isso culpa do resto dos nobres?

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-Quem é você, moça? – Pergunta a irmãzinha do menino de mais cedo, quebrando os pensamentos de Camille. – Você parece ser rica, o que faz nessa cidade?

Camille de fato parecia e era rica. Afinal de contas, era uma princesa. Sua pele era bem cuidada e seu cabelo era macio e bonito, sempre soube como cuidar dele e de sua pele

- Meu nome é... – Antes que pudesse falar, ouviu os pesados passos como um terremoto de Zugmon, e fez um gesto pedindo para todas as assustadas crianças ficarem em silêncio, que acatam sua sugestão

Cada vez mais altos e fortes com gemidos de “minha bíblia”, os passos de Zugmon pareciam se aproximar, até chegarem bem perto de onde estavam. Quando Camille os ouve exatamente atrás da janela onde estava sentada, percebe que eles pararam nela.

Mas não. Zugmon apenas tropeçou e continuou correndo atrás de seu pesado e grande livro. Ela suspira aliviada, seu corpo completamente tensionado relaxa.

- Meu nome é Camille Lioness. Eu sou a princesa desse reino. – As crianças ficam espantadas com a informação. Algumas a olham maravilhadas. Uma princesa naquela cidade? O que ela estaria fazendo? E princesas existem? Já outras a olhavam com nojo, como se odiassem a família real. – Sei que vocês devem estar se perguntando o que eu faço aqui, e bem... eu estou em uma jornada para salvar o reino. E prometo que quando eu o salvar, vamos olhar com olhos melhores para Araruna.

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Os olhos das crianças brilhavam com a princesa Camille em sua frente. Nem todos os nobres eram ruins, no fim das contas. Ela pega a bolsa de moedas que estava carregando e deixa para eles, dizendo para comprarem algo para comer quando as coisas acalmassem, e então se despede deles, para voltar para o Delito.

Após alguns minutos correndo, ela finalmente vê a taverna, e corre ainda mais rápido para chegar logo e se esconder do perigo. Porém, ao abrir a porta do bar, encontrou Ryon sendo esmagado pela enorme mão de Zugmon. Aparentemente, o gato acabou mexendo em sua bíblia e era animal de pecadores imundos, pelos gritos dele com o felino.

- O que tá fazendo aqui princesa? Corra por sua vida, garota! – Ryon exclamou às pressas de maneira heróica, mas já era tarde, o padre se virou lentamente para encarar a princesa.

- Fiquei imaginando o quanto eu ainda teria que esperar por você, princesa! O senhor Vincent deixou claro que deveríamos levá-la para ele, viva ou morta. E você finalmente está aqui. – Camille não recuou, olhou ao redor procurando por algo que pudesse usar para salvar Ryon. O gato podia ser chato, mas ainda assim, era seu amigo e seu gatinho.

- Solte ele! – Pediu para o inquisidor, mas obteve apenas as gargalhadas do mesmo – Minha vida vale mais que a dele.

- O que?! – O gatinho gritou com uma expressão de surpresa, mas rapidamente compreendeu o plano da princesa quando olhou para os olhos amedrontados da mesma. – Quer dizer, isso mesmo, pensa bem cara, ela é a princesa, tá certo que eu tenho sete vidas, mas não quero desperdiçá-las...

- Calado. – Zugmon jogou Ryon na direção da bancada de bebidas. O impacto causou a destruição de uns barris e a queda de algumas garrafas.

O enorme inquisidor foi em direção à princesa, erguendo uma de suas enormes mãos. Num momento prudente, Camille jogou em sua direção algumas das cadeiras e até mesmo algumas mesas, fazendo alguns obstáculos para ganhar tempo, enquanto circulava em direção à bancada.

- Isso não vai funcionar comigo, princesa. – O padre jogou as mesas e cadeiras longe, fazendo Camille começar a tremer ainda mais e suar frio.

Camille então entrou correndo, pegou Ryon que estava ainda caído em meio aos cacos de vidro e se apressou em correr para o segundo andar, se esquivando de penas que pareciam ser feitas de metal.

- O que pensa que vai fazer, princesa? – Ryon falava enquanto via o seu mundo girar.

- Ganhando tempo, até que alguém chegue. – Fala concentrada em derrubar coisas na escada para impedir Zugmon.

- Não é mais fácil gritar por socorro? – Questiona o Gato. – Nier vira rapidinho se for você... – Com uma expressão de frustração, Ryon se calou após Camille tampar sua boca com as mãos

- Você fala demais – Ela fala isso e aperta uma das bochechas do gato, enquanto entrava em seu quarto.

- Não pense que pode escapar de mim, apareça ou eu queimo esse poço de heresia e o transformo em cinzas! – Zugmon exclamou enquanto Camille amarrava os lençóis um no outro criando uma espécie de corda, que usaria para pular do segundo andar.

Seu tempo era curto, e Zugmon se aproximava lentamente como se fosse um lobo atrás de uma presa.

- Vou contar até dez para aparecer princesa, ou eu destruo esse lugar. Você é uma preciosa oferenda a Vincent, e eu quero fazê-lo feliz, por ele ter concedido a mim e meus seguidores o poder sagrado. - O padre destruiu a porta do primeiro quarto – Um! – Revirando todo o lugar atrás de Camille, mas não achando nada – Dois!

A princesa se apressava em terminar sua corda provisória. Quando terminou, a lançou sobre a janela, prendendo uma das pontas sobre a cama para ajudar na descida.

Três! Estou ficando sem paciência, princesa! – O barulho de seus enormes punhos fez a princesa pular assustada, e ao ficar na ponta da janela sentada, apenas esperando o momento exato. – Quatro! – Zugmon quebrou a porta de seu quarto. – Finalmente te achei, herege!

- Não mesmo! – Camille pulou se segurando na corda provisória de lençóis com sua mão direita, enquanto segurava Ryon com a outra mão. Quando saiu da janela, viu diversas penas de aço voando e se tivesse demorado mais um segundo, ela teria sido atingida. No meio da descida, umas penas acertaram o nó da corda, fazendo ela cair de costas no chão e sentir uma enorme dor, que fez lágrimas saírem de seus olhos juntamente de um grito agudo, ao ponto de fazê-la não conseguir se mexer, mas Ryon caiu em pé, como todo bom gato. 

Ao ver que Camille não conseguia se mexer, começou a arrastá-la pela gola. Ele era incrivelmente forte para seu pequeno corpo, mas não conseguia fazer aquilo de maneira rápida para fugirem.

Se levante Camille! Vamos garota, você precisa se levantar! Não é hora de morrer nem nada do tipo! Vamos, vamos!

Após se concentrar com muita força em ignorar a dor e seus ferimentos, conseguiu começar a se mexer de novo. Ela se levantou e começou a correr em direção à vila, fazendo o padre pular da janela e ir atrás dela e de Ryon, que corria sozinho agora.

Com apenas um movimento, Zugmon, o Inquisidor lançou uma potente rajada de magia na direção dos dois. A energia rasgava o ar e destruiu inúmeras árvores que estavam ao redor do Delito. Seu ataque ia certeiro na princesa, se alguém não tivesse a jogado no chão antes.

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- Sir Nier!

- Nier!

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Camille e Ryon gritam com olhos cheios de lágrimas ao ver o seu salvador. Se tivesse demorado mais um segundo, provavelmente seria tarde demais.

- Eu mesmo. – Responde sorrindo para os dois. – Parece que vocês encontraram um oponente e tanto... Parabéns por conseguirem sair dessa sozinhos. Você mandou bem, Camille. – Diz Nier se abaixando e mexendo nos cabelos de Camille, como sempre faz. – Você também, Ryon. – Ele estende a mão a fechada para o gato, que devolve com um soquinho com sua patinha. – Agora deixem que eu assumo. – Falou se virando confiante.

- Nier, ele estava me esmagando! Eu achei que ia morrer! – Grita o gato desesperado para seu dono.

O Pecado da Ira fecha o cenho. Ninguém machuca seus amigos, principalmente o seu gato, que talvez seja a coisa que ele mais ame, mais até do que a sua vida. Ele mirou sua mão para cima, concentrou suas chamas em sua Gilgamesh e disparou uma bola de fogo.

- Vamos fazer uma aposta, Zugmon. O que acontece antes? Meus companheiros chegarem aqui ou eu varrer o chão com seu rosto imundo e quadrado? – Ridiculariza Nier. Sempre gostou de provocar seus oponentes, fazia-os atacar com mais brechas desse jeito (por mais que ele mesmo vivesse caindo em provocações).

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- Seu pecador nefasto! Um servo de Deus jamais iria perder para alguém como você... – Zugmon estava profundamente irritado com Nier. Um criminoso imundo como ele se opondo ao seu poder? Se opondo à sua autoridade? Se opondo a ele? – Você irá morre–

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Antes que pudesse completar sua frase, Nier já havia acertado um soco no seu rosto quadrado, que o fez cair de joelhos e ficar boquiaberto com a velocidade e força do pecado.

- O que foi, Zugmon? Meu gato comeu sua língua? – Fala Nier com um sorriso sarcástico.

- Você irá pagar, seu pecador imundo! Você pagará por todos seus pecados aqui e agora!

Ao proferir essas palavras, o corpo de Zugmon começou a crescer e ficar ainda maior do que já era, fazendo Nier se afastar dele para proteger melhor Camille e Ryon. Seu rosto que ficava com veias saltadas quando irritado, fez com que as mesmas saltassem ainda mais, criando marcas no seu rosto que se assemelhavam com desenhos espirais, e seus músculos faciais se enrijeceram ao ponto de parecerem enormes escamas. Seu corpo estava ainda maior do que antes. Penas de bronze cobriam todo seu corpanzil gigantesco, e todas pareciam ainda mais resistentes do que aquelas que antes usava como armas de arremesso. Seus músculos se retorciam, contraiam e expandiam formando uma carapaça de pele coberta pela armadura de penas bronzeadas. De suas costas, brotaram através de seus músculos duas enormes e grossas asas truculentas que mais se pareciam com braços, cada uma com duas vezes a espessura do corpo de Takashi, cobertas por penas ainda maiores e mais afiadas que as do corpo. Seus olhos brilhavam um intenso vermelho, tão intenso quanto o sangue que escorria de seu corpo por culpa da sua transformação. De seu monstruoso rosto, os músculos começaram a se abrir e os três puderam notar um sorriso aterrorizante, como se o próprio inferno estivesse sorrindo para eles.

- Agora... – Falou com uma voz gutural. – Eu me tornei um anjo como todos aqueles que sempre admirei! E assim poderei acabar com os seres nefastos que sujam esse mundo!

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Nier suava frio com aquela cena. Sua respiração estava completamente desregulada, não conseguia se acalmar. Era como a sensação da gárgula negra de Rodório. Não, era absurdamente pior, ele estava mais em sintonia com esse poder que a gárgula. O sangue demoníaco também corria nas veias de Zugmon, provavelmente lhe dado por Vincent com a mentira que era um poder divino. Por mais que todos os Pecados juntos pudessem derrotar o inimigo a sua frente, Nier estava sozinho e precisava proteger os outros dois atrás dele, e sabia que os outros demorariam, afinal ele sozinho era o suficiente para deter Zugmon, mas agora ele também escondeu sua aura juntamente quando se transformou.

O monstrengo partiu ensandecido para cima do Pecado a uma velocidade abismal. O garoto esquiva com maestria da investida e faz um movimento com o tronco para cima, mirando acertar um soco no rosto de Zugmon, e consegue acertar em cheio, mas que causou um dano nulo. Quando notou, o seu braço estava preso na cabeça do oponente. Mais especificamente, em sua boca. E com isso, estava sendo arrastado no voo do inimigo.

- Me solta, seu padre maluco! – Nier soca o rosto de Zugmon com a outra mão, mas seu ataque foi completamente ineficaz, sua mão continuava na boca do inquisidor, que continuava em sua disparada.

Nier sente um tranco e nota que pararam. Ele vê Zugmon estendendo suas asas na direção de Camille e Ryon que gritam em vão, e são agarrados por ele. Ele prende o corpo de Nier com suas mãos enormes, que estava vidrado em seus amigos olhando de costas por cima do ombro e não prestava a menor atenção nele.

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- Seus malditos hereges pecadores... Vocês irão sofrer a ira de Deus! – Zugmon grita com toda sua força monstruosa, fazendo os outros sentirem uma pequena dor de ouvido, e vira Nier de frente para seus companheiros.

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Ele começa a esmagar os corpos de Camille e Ryon. O jovem tenta se desvencilhar das enormes mãos de Zugmon, mas não consegue. Seus dois amigos começam a gritar de dor pela força de Zugmon.

- Seu padre de merda, seu oponente sou eu! Deixe-os de fora disso! – Berrou Nier em meio a lágrimas. Ele havia prometido para si mesmo que não deixaria mais ninguém morrer em sua frente como deixara no passado, e não queria quebrar a promessa desse jeito.

O colosso de bronze ignorou Nier, e apertava ainda mais seus oponentes. Ele ouviu um som de estalo e viu Camille cuspir sangue em meio a lágrimas. Ryon tentava abaixar a cabeça para morder a asa, mas não conseguia. Nada parecia surtir efeito em Zugmon. 

- Logo isso estará acabado, pecadores imundos! A Psychomachia ficará extremamente satisfeita com suas mortes. – Ao ver que estava os ferindo, havia decidido que apenas matá-los não seria o suficiente, e começou a enrijecer suas penas para começar a criar cortes nos corpos dos dois. Camille chorava desesperadamente e parecia formar a palavra “socorro” em meio a gemidos de dor e soluços. Ryon já não emitia mais sons que não fossem o ar espremido de seus pulmões e passando pelas cordas vocais, e tinha um brilho quase opaco em seu olhar. 

Vendo tamanha atrocidade, o corpo de Nier estava mole e ele não conseguia segurar as lágrimas, nem fazia questão disso. Ele balbuciava coisas ininteligíveis enquanto não sentia que Zugmon apertava seu corpo, devido a tristeza que sentia. Então, conseguindo recuperar sua fala, conseguiu proferir novamente palavras:

- ...te eles...! Solte eles...! Solte eles!– Vociferou Nier com todo o ódio que sentia nesse momento, que seria capaz de mover, ou até mesmo destruir montanhas. 

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- Calado pecador! – Replicou Zugmon irritado com o garoto, que não morria por mais que colocasse muito mais força nele do que nos outros dois.

Nier sentiu seu sangue quase que literalmente borbulhar. Já não conseguia ouvir nada, ou até ver algo além dos dois focados em sua visão. Seu corpo não sentia nada além de um formigamento ardente. As lágrimas e sangue do sofrimento de Camille e Ryon o faziam sentir que ele precisava trucidar seu oponente da maneira mais cruel e brutal o possível. Nada poderia o fazer parar. E nada nem ninguém, seja deste mundo ou não, poderia mudar essa ideia dele. Ele irá fazer Zugmon pagar por toda a ira que ele lhe causou.

Em meio a choro, lágrimas e um riso sádico, seu rosto começa a ser coberto por marcas negras, com duas descendo por cima de seus olhos como se fossem duas presas rúnicas e param na altura de sua boca. Suas íris enegrecem e ficam com um brilho arroxeado na parte onde era sua borda. Seus músculos começam a enrijecer e são tomados por uma força muito maior que a sua – e muito maior do que a que normalmente conseguiria suportar. Suas chamas, antes laranjas, escureceram para um roxo escuro que quase não emitia luz.

- Exatamente como nas antigas lendas... Com certeza Deus estará feliz com a sua morte! – Gritou Zugmon perplexo com Nier se transformando em demônio bem em suas mãos.

As marcas não paravam de crescer. Em certo momento, elas estavam cobrindo muito do seu tórax e quase todo seu rosto, deixando apenas uma parte abaixo de sua boca sem estar marcada e, demonstrando uma exuberante magnitude de energia negra sobre sua pele, Nier arrebenta as mãos de Zugmon as explodindo, e em um movimento veloz, estende suas marcas negras de seus braços como duas enormes espadas curvas e serrilhadas, e arranca suas asas como se não fossem nada além de papel.

Camille e Ryon caem inconscientes no chão, e acabam rolando alguns metros para longe deles, cobertos de feridas e conseguindo respirar com muitas dificuldades.

A ira incontrolável de Nier era indomável até mesmo para Zugmon, que havia recebido o “poder divino” diretamente de Vincent. Devido aos seus poderes, ele conseguiu recuperar suas mãos e suas asas, mas não parecia que serviria de algo. 

Nier disparou com todo seu ímpeto demoníaco para cima de Zugmon, que colocou suas asas na frente para se defender do ataque insano do demônio. O mesmo concentrou a marca negra do seu corpo na sua mão direita, criando uma enorme mão que arrebentou as asas e acertou em cheio seu rosto blindado, e arrancou-lhe alguns dentes.

Quase imediatamente, quando Zugmon foi descer as suas mãos juntas para acertar um golpe de cima para baixo em Nier, as marcas negras se acumularam nas costas do garoto e serviram como um poderoso escudo contra as mãos do descomunal padre, que acertaram em cheio e queimaram quando entraram em contato com as marcas.

Então, o Pecado da Ira se arremessou para frente e criou duas mãozorras negras e com garras tão grandes quanto espadas e acertou um golpe no peito de Zugmon, arrancando diversas brônzeas penas de seu peito e retalhando seus músculos que haviam formado uma carapaça, fazendo-o cambalear para trás. 
O inquisidor tenta novamente atacar Nier no meio de sua queda, dessa vez com um chute, mas em vão. As marcas negras se dividem em quatro pontos no corpo de Nier, sendo duas nos seus pés e duas nas suas mãos, formando patas com garras que perfuravam a carne de Zugmon, e ele o escalou para cravar as garras superiores – agora com toda a marca negra – no seu pescoço duro, o atravessando.

Zugmon estava começando a ficar aterrorizado com o que estava acontecendo diante de seus olhos. Nier estava coberto com seu sangue e fazia enormes rasgos em todo seu corpo, arrancando penas e desmanchando sua pele e músculos com cortes violentos de garras dentadas. Os ataques eram impiedosos, porém Zugmon não sentia dor graças ao poder que possuía, até que Nier atingiu uma pequena esfera que estava localizada em seu peito, fazendo-a explodir com uma pequena fumaça negra. Nesse momento, Zugmon sentiu seu núcleo de penitência, que inibia suas dores pelas constantes sessões de auto flagelação ser destruído, e a dor excruciante dos atrozes golpes de Nier tomou cada fibra de seu corpo.

- Já chega seu demônio maldito! – Gritou horrorizado.

Ele acerta um golpe desesperado com a parte lateral externa de sua ainda mais enorme mão, fazendo o crânio de Nier afundar e ele cair no chão e dando tempo de se levantar, com muito sangue escorrendo. Ele usou as marcas escuras que escondia debaixo de sua pele para restaurar os pedaços arrancados por Nier em seu corpo, os colando de volta.

Porém seu golpe se mostrou ineficaz. As marcas negras do garoto subiram e restauraram o dano, e o Pecado da Ira focou suas marcas em suas mãos e braços e, de maneira completamente irracional, arrancou o braço direito de Zugmon, e o incinerou com suas chamas escuras, o fazendo urrar de agonia.

Quando ele pensou em revidar, Nier já havia se movido, arrancado e queimado sua asa direita. Começando a ficar cego pela dor, ele caiu de joelhos no chão, respirando pesadamente. Porém, mesmo com tal sofrimento, Nier não parou, e arrancou os outros membros superiores de Zugmon, um a um, de maneira lenta e cruel. 

Uma coisa era certa e clara na mente entorpecida de ódio de Nier: Zugmon deveria pagar com sua vida e com seu sofrimento, e ele estava fazendo isso, fazendo ele expiar seu pecado.

- Eu não aceitarei morrer para um demô-

Antes que pudesse completar a sua sentença, Nier acertou-lhe um chute no queixo que arrancou sua língua, e começou a pisar em sua cabeça, para esmagá-la.

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Vilarejo de Araruna Takash10

- Nier!

Skanfy chegou voando onde Nier e Zugmon estavam lutando, ou melhor dizendo, onde Nier estava massacrando Zugmon. Quando ela ia se aproximar, Asura pulou e a agarrou, a impedindo de ir parar seu capitão.

- Skanfy! Está maluca? – Gritou o vampiro incrédulo com a atitude imprudente da fada.

- Mas o Nier... – Ela fala olhando com tristeza para seu capitão. Sempre temia os dias que ele se tornava mais e mais um monstro. 

Havia visto aquilo uma outra vez, em uma das missões da Saligia, e ficava triste quando se lembrava daquilo e do dano que ele mesmo sofria. Era como se ele sacrificasse sua própria vida por poder.

Ela olha para o lado e nota tanto Camille quanto Ryon caídos no chão, e dispara aos prantos na direção deles. Os ferimentos de ambos eram profundos, provavelmente possuíam diversas fraturas e hemorragias internas. Skanfy suavemente abraça seus corpos inertes e nota que seus corações batem devagar e respiram com dificuldade, então usa sua magia de vento, que raramente usava por ser muito complicada, para fazê-los respirar.

Takashi começa a andar para perto de seu amigo, que apertava veementemente a cabeça de Zugmon com sua pata de marca negra.

- Ca... pita? – Takashi perguntou assustado. Estava receoso em se aproximar dele.

Já Nier não o ouviu, continuava apertando a cabeça de Zugmon, que estava achatada e até inchada. O Pecado da Ganância se aproximava suando frio. Já havia visto aquilo uma vez, dezesseis anos atrás, e mais de perto que Skanfy. Para conter isso, Krioni criou uma carga especial para a Bucaneer, a carga DH. Ele a carregou na sua garrucha, mas sabia que não seria fácil. Para funcionar, precisaria disparar a queima roupa em Nier, e sem Krioni e/ou Gwyndolin para contê-lo, não seria nada fácil.

O Pecado da Ganância engoliu em seco e tornou a se aproximar de Nier. Quando chegou no seu amigo, a cabeça de Zugmon explodiu no pé dele, criando uma poça de sangue negro. Quando ia encostar no ombro dele, ouviu algumas palavras da voz rouca e demoníaca de Nier:

- Ma-tar...

- Capita? – Perguntou quase aterrorizado. A voz de Nier sempre era calma e um tanto quanto infantil, e nunca tinha um tom tão grave e ríspido, nem uma voz abissal e demoníaca. 

- ... vo-cê...

- Nier, pare com isso. – Takashi ergueu sua arma, girando a ponta para desfazer a magia de selo da bala. Sua respiração estava descoordenada, mas ele tentava o máximo possível manter sua frieza.

Antes que pudesse perceber, Takashi fora acertado na parte de trás dos joelhos, fazendo-o cair de costas por Skanfy. Ele viu uma imensa quantia de energia negra passando sob seu olho, quase encostando em seu nariz, e imaginou que teria sido cortado em dois agora mesmo se não fosse pela fada.

Asura disparou em direção a Nier com toda sua velocidade vampírica e agarrou Takashi, tirando-o do raio de ação de Nier, que logo havia disparado um corte de chamas negras, como se fosse uma enorme espada flamejante.

- Skanfy, nos dê cobertura! Provavelmente não vamos matar ele, mesmo indo com força máxima! – Bradou Asura para sua companheira.

- Entendido, Asura!

Skanfy muda seu arco para a lua minguante e começa a disparar flechas concentradas em Nier, na tentativa de diminuir sua velocidade. Era pequeno o dano, mas era melhor que nada.

Nier parte para cima de seus dois companheiros, mas é barrado por um escudo de sangue bordô de Asura. Ele começa a puxar o sangue escuro de Zugmon para usar como arma e beber. O vampiro bebeu parte do sangue do inquisidor e sentiu seu corpo formigar com aquele sangue podre de uma mistura de sangue humano com sangue de demônio, e com certeza passaria mal depois. Mas parar seu capitão era mais importante.

Ao ver Nier parado no escudo, Takashi ataca com sua Zephyrus, atravessando pelo escudo do vampiro e acertando seu capitão em cheio, fazendo um rasgo diagonal no seu tórax e o arremessando alguns metros para longe, fazendo que caísse com um baque no chão.

O ataque surtiu algum efeito, os três tinham certeza. Nier estava com um grande corte no meio de seu peito e sangrando no chão, mas logo viram as marcas negras subirem e regenerarem o ferimento, e viram-no se levantar. Takashi e Asura então partiram para cima dele em movimentos de zigue zague para confundirem os sentidos do oponente, e aproveitando sua lentidão graças as flechas concentradas de Skanfy, o Pecado da Ganância conseguiu usar a Ash Crown, uma das suas magias de ladrão, criando uma espessa névoa. Então, o nevoeiro se tornou vermelho. Um vermelho sangue.

Nier não sabia para onde atacar, então ficou parado no centro. Em dado momento, a névoa começou a ficar afiada como a lâmina de uma navalha e atacá-lo com força, e sentiu cortes de todos os lados, alguns leves da névoa, outros muito profundos como se feitos por uma espada gigantesca e outros que eram precisos e sangravam muito. Takashi e Asura se esconderam com perfeição e usavam seus Tesouros Sagrados e a névoa para atacar Nier, que não parecia ligar para os cortes que regeneravam instantes depois.

Então, em um movimento rápido e extremamente treinado e ensaiado, ambos concentraram toda a névoa assassina em suas armas e acertaram o pescoço de Nier com extrema precisão e força, com certeza o cortando e separando sua cabeça de seu corpo, no clímax de seu golpe combinado, conhecido como...

- Blood Carnival!

Ambos sentiam um imenso pesar ao ter que matar seu capitão, e lembravam de todas as coisas que passaram ao longo dos anos enquanto cortavam seu corpo e ceifavam sua vida, já que não havia outra maneira.

Porém, quando os dois acabaram o golpe e passaram por ele, Nier mostrou que sua própria existência era um pesadelo infernal. Ele regenerou o golpe em seu pescoço que com certeza teria matado qualquer outro, agarrou ambos pelas cabeças e as chocou uma contra a outra, fazendo ambos tontearem e sentirem um pequeno rachão em seus crânios. Asura, ainda desnorteado pelo impacto, criou uma corrente de sangue com o sangue do próprio Nier e aproveitando que estava fraco e cansado pelos inúmeros golpes e as flechas de Skanfy, puxou a cabeça de Nier para perto deles, enquanto segurava o resto do corpo com as correntes.

- Agora, Takashi! – Pediu desesperadamente em meio a um grito, pois sabia que não aguentaria mais do que aquele momento e que raramente teriam outra oportunidade.

- Tape nossos ouvidos! – Ordenou Takashi enquanto se posicionava para atacar Nier.

Asura quase instantaneamente conjurou quatro esferas de sangue e colocou nas orelhas dos dois e Skanfy tapou suas orelhas e as dos dois desmaiados com seu corpo. Então Takashi ergueu seu braço que segurava sua garrucha, girou novamente o anel na boca do cano, encostou o Tesouro Sagrado na testa de Nier e puxou o gatilho.

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A carga DH que Krioni inventou era um disparo sonoro de uma frequência elevada e estridente. Ele afirmava que ela atingia os instintos antigos de Nier, e fazia com que ele voltasse a ser quem era. E como Krioni afirmava, aconteceu: sua marca negra começou a regredir, até o ponto que desapareceu. Sua expressão, antes de ira e dor, agora era calma e serena. Seus olhos não exalavam quase nenhum brilho, e ele caiu desacordado no chão.

Takashi colocou seu capitão, que agora estava dormindo, em cima do seu ombro e juntamente de Asura foram atrás de Skanfy, que estava ao lado de Camille e Ryon inconscientes. Ela pega os dois com cuidado em meio a um choro baixo, já que havia notado os danos que haviam recebido pelo sangue e a dificuldade para respirar.

- Camille... Ryon... – Skanfy chora vendo seus amigos quase mortos em sua frente.  – De novo eu não salvei ninguém por demorar...

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- Skanfy... – Asura se aproxima para tentar consolar a fada, mas sua mão é segurada pela de Takashi. Ele olha o amigo e recebe uma negativa com a cabeça, para deixá-la.

 Eles a deixam se afastar em direção ao Delito e seguem em silêncio atrás dela com passos pesados e arrastados, tendo apenas a luz da lua clareando seu caminho até seu destino.
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Seg Jan 03, 2022 9:47 pm
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Eles carregam os caídos para o Delito que estava em pedaços. Cadeiras e mesas jogadas, garrafas e barris quebrados, além de penas cravadas nas paredes com buracos e portas quebradas. Skanfy, Asura e Takashi sobem para o quarto de Nier e Camille e os colocam em sua cama, junto de Ryon.

-Asura, Skanfy, ajudem eles. O capita deve ter um kit de primeiros socorros, ele sempre tem um no seu quarto. Eu vou atrás de coisas na cidade para sei lá, reparar esse lugar e ajudar eles. Virei correndo se achar coisas para recuperá-los. – Ele sai do quarto e deixa os dois a sós. Skanfy olha nas gavetas do balcão ao lado da cama, mas Asura puxa um kit de primeiros socorros debaixo da cama. Os outros receberam algumas instruções de Gwyndolin sobre como lidar com ferimentos assim, mas não fariam um trabalho tão bom quanto ele.

-Aqui está. Consegue ter ideia do que fazer?

-Plus ou moins... O Gwyn nos ensinou, mas mesmo assim...

Eles primeiro colocam as orelhas nos peitos deles e verificam os batimentos. Estavam fracos, mas estavam ali. Então começam a enfaixar os braços de Camille após limpar os ferimentos deles. Vários cortes eram profundos, e sua pele, que já era branca, estava ainda mais pálida. Skanfy torcia para que ela não tivesse perdido sangue demais devido a hemorragias

-Asura, poderia ir cuidar do Ryon no seu quarto? – Pede uma amuada Skanfy.

-Por quê? – Pergunta Asura sem entender.

-Je vais precisar tirar as roupas dela e não quero nenhum homem olhando. – Ela o encara fazendo bico.

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O vampiro então ri, pega algumas bandagens, uma agulha e fio, e sai para ajudar o gatinho e deixar Skanfy a sós, que tira a camisa de Camille, que estava cheia de cortes. Ela começa a desinfetar alguns dos diversos cortes enquanto lágrimas atingem o corpo imóvel da princesa.

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Takashi procurava qualquer coisa na cidade. Seja dinheiro, materiais de construção ou até médicos para “educadamente” levar ao Delito. A cidade estava com um murmurinho incessante. “A Saligia está aqui?”, “A princesa do reino veio até essa espelunca?”, “A Psychomachia vai matar todos nós?”.

Ele preferia ignorar tudo isso e focar no que realmente importava. Viu que ao redor de um dos cavaleiros derrotados pelos Pecados, as pessoas faziam uma rodinha, e um tira uma sacola da armadura do mesmo. Takashi se aproximou e viu que ele possuía esferas mágicas, as mesmas desenvolvidas por Krioni anos atrás.

-Me entregue isso. – Ordenou com um tom ameaçador.

O homem que pegou a sacola ignora o pecado, e continua a observar a sacola. Estava fascinado com aquilo, elas eram caras e poderiam lhe render uma boa grana.

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-Eu não vou pedir de novo. Me. Entregue. Isso. – Takashi se irritou ao ser ignorado. Não queria demorar demais com isso.

-Sai cara, eu achei primeiro. – Responde desgostoso o homem à sua frente.

Takashi, sem pensar duas vezes, puxou a bolsa de moedas da mão dele. Ele puxou uma faca para o enorme ladrão de armadura, que devolveu o gesto com um soco com sua mão esquerda, explodindo seu nariz em uma poça de sangue, aterrorizando a população. Ao ver que mais gente se reunia ao seu redor, ele teve uma ideia.

-Escutem todos! – Bradou. – Eu sou Takashi, o Pecado da Ganância! – Olhares aterrorizados surgiam de todos os lados. – Acho que todos conhecem o título de Senhor da Destruição, e devem ter ideia do porquê dele... – Ele lança um olhar assustador para as pessoas, que olhavam estarrecidas. – Se não quiserem que eu lhes mostre o exato motivo, quero que me tragam todas as esferas mágicas dos Cavaleiros Sagrados da Ordem do Bode Voador, e seus melhores móveis e portas, juntamente de materiais de construção! – O povo olha confuso para ele. O que diabos ele queria fazer? Construir uma casa? – Vocês têm até o nascer do sol para me trazer isso na entrada da cidade. Se não... – Ele puxa sua Zephyrus e mostra para todos os populares. Eles com certeza entenderam o recado. E era melhor fazer o que Takashi ordenava.

A multidão se dispersa assustada e Takashi para na entrada da cidade. Em questão de minutos, recebe o resto das esferas dos Cavaleiros Sagrados e conta que possuíam duas de regeneração, três de luz e algumas outras que seriam inúteis para seus companheiros. Após alguns outros longos minutos de espera, cerca de seis crianças se aproximam do Pecado.

-Você conhece a Camille? – Uma delas pergunta. Assustado com essa pergunta, Takashi responde.

-Sim, eu a conheço. Mas e você? Como a conhece?

-Ela nos ajudou mais cedo e nos deu dinheiro. – Outro responde. – Ela está bem? Vimos que ela foi na direção de onde o padre estava indo.

Takashi observa os olhares inocentes das crianças. Eles estavam preocupados de verdade com Camille, e ele sabia o que devia responder.

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-Não está. Por isso que estou levando essas esferas de regeneração pra ela. E nosso bar está um caos, por isso quero móveis e material de construção.

Eles ficam petrificados ao ouvirem essa notícia. A moça bondosa que os ajudou estava ferida? Por que isso tinha que acontecer?

-Tem algo que a gente possa fazer, moço? – Eles perguntam com os olhos brilhando para Takashi.

-Bem... vocês podem me ajudar a carregar alguns móveis e reparar a nossa base. Lá vem eles. – Ele aponta para alguns moradores assustados que deixam alguns móveis e materiais de construção ali.

Eles se aproximam e Takashi pega a maioria e os coloca nas costas, enquanto as crianças carregam algumas coisas menores e mais leves, e todos partem em direção ao Delito. As crianças sentem certa dificuldade em acompanhá-lo, já que ele estava quase correndo com urgência.

Quando ele entra pela porta do destruído bar, ele vê Asura sentado em uma das mesas que sobraram, acabando de enfaixar o gato que parecia com uma múmia de tantas faixas.

-Morcegão, aqui. – Ele joga uma das esferas de restauração para Asura, e sobe a escada do Delito, após largar os móveis e deixar as crianças na parte principal com o Pecado da Gula.

Quando vai abrir a porta do quarto onde estava Camille, algo segura a porta.

-Nada de entrar num quarto com uma menina seminua, Asura! – Skanfy grita de dentro do cômodo.

-Não é o Asura, sou eu. E eu tenho uma esfera mágica de cura. Creio que se lembra que...

-...se mastigadas e ingeridas seus efeitos são maiores e mais rápidos. Oui, je me souviens.

Ela abre uma fresta na porta e estende a mão para Takashi, que revira os olhos e coloca a orbe na sua mão. Era uma esfera rosada com um símbolo que Krioni havia visto em um livro estrangeiro, com duas cobras e um cetro. Ela não ligava para aquilo, mas sim para seu efeito. Ela colocou na boca da amiga, forçou o movimento para mastigar e engolir. Os ferimentos foram profundos, mas esperava que aquilo funcionasse.

Então, vestiu novamente a camisa na amiga e fitou Nier, que permanecia imóvel desde que fora colocado em sua cama. Pôs o dedo levemente abaixo do nariz do seu capitão e percebeu que respirava normalmente. Com um suspiro até que aliviado, ela flutua para fora do quarto deles e vai para o seu.

Quando ela viu o estado em que seu quarto estava, sentiu que Nier fez pouco com Zugmon. Ela começa usar sua habilidade de levitar nas coisas para dar uma organizada e limpeza geral, e como estava com muita preguiça de arrumar tudo nos detalhes, decidiu que ia se deitar em sua cama para uma boa noite de sono que ela, em sua cabeça de fada que amava a “arte” da procrastinação, com certeza merecia.

Instantes após colocar a cabeça no travesseiro, começou a ouvir marteladas nas paredes e conversa alta, vindo do primeiro andar do Delito. Irritadíssima por ser acordada no seu sono de beleza, afinal manter a beleza de 413 anos não era uma tarefa fácil, desceu voando, completamente descabelada e ranzinza as escadas da taverna.

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-Bom dia Skanfy! – Cumprimentou Asura, que pregava novamente um dos balcões do bar. – Vai fazer o nosso café da manhã? Temos convidados hoje! – Ele aponta para as crianças que entregavam materiais de marcenaria para ele e Takashi, que ajustava o tamanho de uma porta. Ao notarem a fada, todas param e começam a olhar para ela flutuando na descida das escadas.

-Café da manhã? Vocês estão loucos? – Gritava cheia de ódio, assustando os pequenos. – C'est le meio da madrugada e os imbéciles estão martèlent e serrando coisas!

-Madrugada? – Takashi pergunta sem tirar os olhos da porta. – Esse sol de dez horas da manhã não me parece “madrugada”.

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-Eu tentei te acordar algumas vezes, mas você brigava e esperneava, inclusive ameaçou me transformar em um porco espinho se eu não parasse... – Respondeu Asura, fazendo Skanfy voar rapidamente para a janela e notar sua gafe.

-Moça, a gente tá esperando desde às 6 para tomar café, disseram que você cozinha muito bem! – Fala uma das crianças, de aparentes sete anos. – Você poderia fazer?

Skanfy sentia um ódio profundo por mexerem em pontos que não gostassem que mexessem: fofura. Aquela criança à sua frente pedindo por café da manhã, principalmente porque ela cozinha bem, era pura demais para ter seu pedido negado. Em meio a um enorme bocejo, ela começa sua trajetória até a cozinha – ou o que sobrou dela – para fazer um café da manhã para todos.

Se tinha algo que a fada se orgulhava, era de suas habilidades culinárias. Se orgulhava ao ponto de dizer que a única coisa nesse mundo que ela não sentia preguiça era cozinhar, pois era uma arte nobre em demasia para ser feita de forma relaxada. Ela liga o fogão a lenha do bar, e pega uma enorme chapa. Então voa rapidamente para fora do bar atrás de galinhas pela cidade, e pega alguns de seus ovos não fecundados para poder usar nessa sua receita, e leite de duas vacas que achou no caminho.

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Ela volta tão rápido quanto saiu, demorando menos de um minuto na sua viagem. Então, pega o resto dos ingredientes já presentes no Delito, e como se fosse uma dança, mistura todos com maestria e em sua ordem correta, e derrama alguns círculos na chapa já quente, começando a cozinhá-las. Ela nota que o barulho das obras parou, e vê que todos estão atrás dela, observando o que estava cozinhando.

-Moça, o que é isso? – Pergunta uma garotinha de uns quatro anos, a mesma do irmão gatuno. Skanfy não resiste a tamanha fofura e passa a mão nos cabelos da criança.

-Crêpes. Nunca comeram?

As crianças respondem que não com a cabeça. A fada se sente triste por essas crianças nunca terem comido coisas tão boas quanto panquecas antes, e volta a cozinhar, mas não sem antes afugentar os trabalhadores da sua área de ação – principalmente os grandões.

Ao ver que estava começando a ficar prontas suas panquecas para um batalhão, ela voa para fora do bar em extrema velocidade, carregando cestas e potes, colhe várias frutas e pega um pote cheio de mel e volta para o bar. Ela pega várias maçãs e laranjas e começa a fazer dois excelentes sucos para todos, e coloca o resto das frutas em uma cesta. Ela pega as diversas panquecas que fez, todas altinhas e fofinhas, como mandava seu manual mental, e coloca em uma enorme travessa, com o grande pote de mel ao lado delas.

As crianças (e as “criançonas” quando o assunto era a comida de Skanfy) se sentam à mesa e começam a tomar seu café da manhã. Algumas crianças choravam de alegria ao provarem a realmente deliciosa comida de Skanfy, que parecia se desmanchar na boca.

Então, ela começa a ferver a água para fazer um ensopado com os legumes e verduras que ainda tinha no bar. Ela sobe para o quarto de Nier, Camille e Ryon enquanto deixa sua comida aquecendo para vê-los. Quando abre a porta, vê Camille deitada semi consciente e Ryon acordado e sentado nos pés de Nier, porém calmo e com um fogo baixo. Nier continuava apagado, na mesma posição da noite anterior.

-Skan... fy...?

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Os olhos da fada se enchem de lágrimas, e ela se segura para não voar e abraçar a princesa, pois poderia a machucar. Ela apenas flutua lentamente e senta do lado dela, e segura sua mão fraca.

-Você está bem? Comment está se sentindo?

Camille vira seus olhos esmeraldas para Skanfy, cheios de lágrimas.

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-Des... culpa... Eu... fui f... fraca...

-Camille, non! Nous qui falhamos e chegamos tarde demais! – Skanfy grita com lágrimas nos olhos.

A princesa não a responde, se sentia muito debilitada para isso. Com certeza a magia da esfera estava fazendo efeito, pois estava muito melhor que na noite anterior. Ryon olhou a fada e foi caminhando com seu natural reboladinho felino e sentou no seu colo.

-Et toi, Ryon? Como está? – Perguntou Skanfy enquanto alisava seu pelo.

-Cansadinho. – Ele se apoia nas patas traseiras e fica em pé nas coxas de Skanfy, pedindo com esse gesto para ser pego no colo. Skanfy o pega e abraça. Sentia que seu coração felino estava melhor, estava apenas cansado e abatido.

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-Bem, je vais voltar lá pra baixo. Trate de descansar bastante, d'accord? – Ela desce carregando Ryon e deixa Camille no quarto, que se encosta em Nier para descansar.

A preguiçosa desceu flutuando com Ryon abraçado em seu pescoço e se senta no balcão para comer alguma coisa. As panquecas foram totalmente devoradas, então o que sobrava eram as frutas. Ela sentou Ryon no balcão e alisava seu pelo enquanto comia uma maçã. Algumas crianças se aproximaram curiosas com o gato não-tão-flamejante. Elas começam a fazer carinho nele, que logo dorme sentado, provocando risos nas crianças, que estavam admiradas com ele. Skanfy então vai conversar com os outros dois.

-Nier continua dormindo. Como vocês podem ver, a esfera funcionou mais rapidamente no Ryon, mas Camille estava melhor.

-Isso é bom. – Respondeu Asura, que arrumava um rachado na parede do bar.

-De fato. – Complementou Takashi, que serrava algumas madeiras para consertar o balcão.

-Mas ela pediu desculpas por ter apanhado. Pediu desculpas por nós não termos chegado a tempo. – Eles ouviram um leve soluço da fada.

-Saligiam. – Respondeu Takashi apenas movendo seus olhos para a sua companheira, que olhou confusa.

-Não se lembra do significado de Saligia, Skanfy? – Perguntou Asura.

-Superbia, Acedia, Luxuria, Ira, Gula, Invidia e Avaritia. – Falou contando nos dedos. – Une anagramme com as primeiras letras dos pecados, escrito em uma língua do continente que Krioni teve contato.

-Sim, fada da Acedia. Se lembra de outra coisa importante que ele falou? Sobre um suposto oitavo pecado? – Indagou Takashi.

-Aquele que ele disse que não poderia ser considerado pecado? Já que doenças não são deméritos e sim coisas a serem tratadas? – Respondeu a fada.

-Exatamente. A Melacholia. Mas ele estava bêbado, não estava falando nada com nada. – Continuou Takashi. – Mas mesmo assim, essa atitude melancólica dela me lembra isso...

-Mas não acho que ela seja um Pecado. Não é uma criminosa. – Completou o vampiro. – Não como... nós.

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Os três ficaram em silêncio ao lembrarem do que fizeram e voltaram aos seus afazeres, agora todos como Camille: melancólicos.

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